Renzo Bahury de Souza Ramos

Reforma tributária: entre a simplificação e o desafio da desigualdade

Michael Coutov
By Michael Coutov

Conforme o tributarista Renzo Bahury de Souza Ramos, a reforma tributária tem sido um tema central no debate econômico e político brasileiro, com propostas voltadas para a simplificação do sistema tributário. O objetivo declarado é criar um sistema mais justo e eficiente. No entanto, essa simplificação pode trazer desafios significativos para diversos setores e regiões do país. Embora a unificação de tributos busque facilitar o sistema, ela pode resultar em consequências indesejadas.

Leia para saber mais!

Como o aumento da carga tributária pode afetar as empresas?

Uma das principais preocupações em relação à reforma tributária é o potencial aumento da carga tributária para muitas empresas. Atualmente, as empresas pagam alíquotas variáveis dependendo da região e do setor de atividade. A reforma propõe uma alíquota unificada de 26,5% para a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Essa mudança pode impactar especialmente as médias empresas, que operam com margens de lucro menores. 

Além disso, a transição para o novo sistema pode ser complexa e custosa. A reforma exigirá adaptações significativas nos sistemas de contabilidade e gestão fiscal das empresas, além da criação de novos mecanismos de arrecadação e fiscalização. Como destaca Renzo Bahury de Souza Ramos, a incerteza durante o período de transição pode gerar insegurança jurídica e desestabilizar o ambiente de negócios.

De que forma a reforma pode intensificar a desigualdade regional?

A reforma também levanta preocupações sobre a desigualdade regional. A unificação dos tributos pode prejudicar estados e municípios que atualmente desfrutam de regimes tributários mais vantajosos, reduzindo sua autonomia financeira. Conforme explica Renzo Bahury de Souza Ramos, estados e municípios que dependem de incentivos fiscais para atrair investimentos podem perder essa vantagem competitiva com a uniformização das alíquotas.

A redistribuição das receitas entre as diferentes esferas de governo pode não compensar adequadamente as perdas de arrecadação nas regiões menos desenvolvidas. Isso pode aumentar as disparidades regionais e limitar a capacidade de investimento em infraestrutura e serviços públicos essenciais, exacerbando as desigualdades existentes.

Quais setores podem ser mais prejudicados pela mudança na estrutura tributária?

Alguns setores da economia, em particular o setor de serviços, podem enfrentar dificuldades adicionais devido à mudança na estrutura tributária. Atualmente, o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) possui alíquotas mais baixas, mas a implementação do IBS pode resultar em um aumento significativo na carga tributária. O setor de serviços, que hoje paga entre 2% e 5% de ISS, pode ser submetido a uma alíquota de 26,5%, o que representa um aumento considerável para os empresários.

Esse aumento pode refletir diretamente nos preços para os consumidores e reduzir a demanda por serviços. Como elucida o tributarista Renzo Bahury de Souza Ramos, isso pode afetar a economia de uma maneira completamente negativa, especialmente em um momento que se mostra cada vez mais crucial para a recuperação econômica do país.

Buscando um equilíbrio na reforma tributária

Em conclusão, a reforma tributária, apesar de seu objetivo de simplificar e tornar o sistema mais justo, pode trazer desafios consideráveis para empresas e regiões brasileiras. O aumento da carga tributária, as desigualdades regionais e os impactos em setores específicos são questões que precisam ser cuidadosamente analisadas. É fundamental que o debate continue buscando um equilíbrio que minimize as consequências negativas e garanta que os objetivos de simplificação e justiça tributária sejam efetivamente alcançados. 

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