De acordo com Bruno Garcia Redondo, tradicionalmente, a advocacia era vista como um campo dominado por especialistas em Direito, voltados para a aplicação rigorosa da legislação. No entanto, com o aumento da complexidade dos problemas jurídicos contemporâneos — muitos dos quais tocam áreas como tecnologia, saúde, meio ambiente e relações internacionais —, tornou-se evidente que o conhecimento jurídico isolado não é suficiente.
Hoje, os escritórios mais inovadores e eficazes estão estruturando suas equipes com profissionais de formações diversas, como economistas, engenheiros, cientistas de dados, psicólogos e especialistas em marketing. Essa diversidade de saberes enriquece as análises, amplia a compreensão do contexto dos casos e contribui para a criação de soluções mais estratégicas e completas.
Como a diversidade de formações influencia a resolução de casos complexos?
Casos complexos frequentemente envolvem múltiplas camadas de informação e exigem abordagens interdisciplinares, explica Bruno Garcia Redondo. Por exemplo, litígios empresariais podem depender de auditorias contábeis, análises de risco econômico e até avaliações psicossociais. Em questões de compliance e governança corporativa, a presença de administradores e analistas de risco torna-se crucial.

Já em demandas que envolvem propriedade intelectual e tecnologia, contar com engenheiros ou especialistas em TI é praticamente uma exigência. Uma equipe multidisciplinar oferece diferentes formas de interpretar o problema, identifica riscos que poderiam passar despercebidos e propõe soluções inovadoras baseadas em perspectivas variadas, que vão além do escopo jurídico tradicional.
Quais são os principais benefícios práticos de uma equipe multidisciplinar?
Na prática, uma equipe formada por profissionais de diferentes áreas proporciona agilidade na tomada de decisões, melhora a comunicação com o cliente e eleva o padrão de entrega do escritório. A capacidade de entender o negócio do cliente de forma holística permite desenvolver estratégias jurídicas mais alinhadas aos seus objetivos reais, além de antecipar possíveis consequências operacionais ou reputacionais.
A construção de um ambiente verdadeiramente colaborativo exige mais do que simplesmente reunir profissionais de áreas distintas, pontua Bruno Garcia Redondo. É necessário criar uma cultura organizacional que valorize a escuta ativa, o respeito às diferentes áreas do saber e o aprendizado contínuo. A chave está em construir pontes e não muros entre os diferentes campos do conhecimento.
Equipes multidisciplinares são mais eficazes na defesa judicial ou na consultoria preventiva?
Ambos os cenários se beneficiam da atuação de equipes multidisciplinares, mas é na consultoria preventiva que essas equipes mostram seu maior potencial transformador. Ao antecipar riscos jurídicos com base em dados econômicos, comportamentais e tecnológicos, escritórios conseguem oferecer soluções mais seguras e sob medida para seus clientes.
Segundo Bruno Garcia Redondo, na esfera judicial, a diversidade de conhecimento também agrega valor, principalmente em perícias técnicas, provas digitais ou reconstrução de fatos complexos. Porém, é no aconselhamento estratégico, na modelagem de contratos inovadores e na reestruturação empresarial que os saberes multidisciplinares realmente brilham, tornando a advocacia mais proativa e menos reativa.
Em suma, o Direito está se tornando cada vez mais permeável a outras áreas do conhecimento, à medida que os problemas do mundo real se tornam mais interconectados e multifacetados. Bruno Garcia Redondo frisa que escritórios que não adotarem uma abordagem multidisciplinar correm o risco de ficarem ultrapassados, limitando sua capacidade de inovar e de atender a um mercado cada vez mais dinâmico.
Autor: James Anderson