Dois policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), unidade de elite da Polícia Militar de São Paulo, foram indiciados por homicídio qualificado e fraude processual. A denúncia foi aceita pelo juiz Thomaz Correa Farqui, da 3ª Vara Criminal de Guarujá, tornando-os réus por uma das 28 mortes ocorridas durante a Operação Escudo, realizada em julho de 2023 na Baixada Santista.
Detalhes da Acusação
O capitão Marcos Correa de Moraes Verardino, que coordenava a operação, e o cabo Ivan Pereira da Silva foram acusados de homicídio qualificado. Além disso, ambos foram denunciados por destruir provas, o que levou à suspensão de suas funções na Polícia Militar. A defesa dos policiais ainda pode recorrer da decisão.
Contexto da Operação
A Operação Escudo foi deflagrada após o assassinato do policial Patrick Bastos Reis, da Rota, durante uma ação em Guarujá. A operação durou 40 dias e resultou em 28 mortes, sendo considerada uma das mais violentas ações da PM no estado de São Paulo, segundo a Ouvidoria da Polícia.
O Caso Fabio Oliveira Ferreira
O processo contra os policiais refere-se à morte de Fabio Oliveira Ferreira, ocorrida em 28 de julho de 2023. Segundo a denúncia, Fabio foi abordado pelos policiais no distrito de Vicente de Carvalho, sob a alegação de portar uma arma. A investigação revelou que o capitão Verardino disparou três tiros de fuzil contra Fabio, que estava com as mãos levantadas, e o cabo Silva fez mais dois disparos contra o tórax do homem já caído.
Destruição de Provas
Os policiais também foram acusados de obstrução da Justiça por recolherem e destruírem imagens de câmeras de segurança que registraram a abordagem. Essas imagens desapareceram, o que indica uma tentativa de obstruir a investigação.
Repercussão e Resposta Oficial
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo não comentou a decisão judicial. A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo destacou a importância de uma segurança pública que respeite a vida e promova a cidadania plena.
Operação Escudo e Seus Resultados
Durante os 40 dias da Operação Escudo, 958 pessoas foram presas, 117 armas de fogo e 977 quilos de drogas foram apreendidos. A operação foi encerrada, mas o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que ações semelhantes poderiam ser realizadas novamente para garantir a ordem no estado.
Operações Posteriores
Após novas mortes de policiais na região, o governo voltou a realizar operações na Baixada Santista, como a Operação Verão, que resultou em 56 mortes em decorrência de ações policiais entre fevereiro e abril de 2024.